quinta-feira, 8 de setembro de 2016

A minha gratidão é uma pessoa

            Leia e ouça: Shadow Days

           Você não é meu dia que deu errado, você não é o chefe puxa-saco. Você não é essa fase ruim. Você é oposto. Você é você. Você é meu respiro. É minha vontade de seguir, é por mim e por você também. Você é graça onde naquele dia eu não enxergo mais nada de bom.

            Você é música, quando a raiva me impede de ouvir as melodias do mundo. É você a cor nos dias mais cinzas, como hoje. Você não é minha angústia, antes disso é o braço que une dois corações num só quando me envolve.


            Você é você. O primeiro pensamento e o último, o suspiro de felicidade e a voz que no meu ouvido silencia o surto, porque com você vai ficar tudo bem. Seu nome é mantra, e mesmo de longe me traz a paz que eu preciso pra seguir os caminhos tortos que a vida traça. Você é antes de tudo isso, a minha gratidão.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Quando a gente ama

          Leia e ouça: Found a heart
         
          Ouvi muito sobre o amor antes de amar. Ouvi que quando a gente ama a gente sabe que aquilo ali nunca foi sentido antes. A gente sente tudo diferente, nos tornamos pessoas diferentes. É verdade. Quando a gente ama, a gente sabe que é amor. E não adianta, dentro do nós só a gente sabe o que é nosso.
            Ouvi que quando é amor pra valer a gente releva. A gente repensa coisas que antes a gente nem precisaria imaginar. Amar é na verdade uma eterna recorrência, a gente pensa e torna a pensar, a gente perdoa e volta a perdoar, a gente faz planos, e quando eles falham fazemos novos. Amar é um vai e vem dentro de nós mesmos. Porque o amor é paciente.
            Ouvi que amor era coisa de tolos. Mas essa é uma grande mentira, porque a gente tem que ser muito sábio pra amar. Amor exige coragem, uma coragem que a gente nem sabia que tinha, mas que brota quando o que a gente sente pelo outro não tem mais nenhuma palavra pra explicar que não seja o próprio amor. Porque o amor é bom.
            E por falar em explicar, quando a gente ama a gente deixa pra lá essa necessidade de ter tudo explicadinho. Algumas coisas simplesmente são, e isso basta. Quando a gente ama a gente entende que quem muito quer explicar o amor, nunca amou.
            Ah, quando a gente ama tanta coisa acontece. Não é exatamente como a gente vê nos filmes, mas isso qualquer pessoa que tenha se relacionado com outra, sabe. Amor não é só a foto bonita todo mês no instagram, nem fazer as pazes daquele jeitinho depois de uma briga idiota.
            O que a gente não ouve por aí, é que amor também decepciona. E mente aquele que falar que não. Amor também machuca. E sabe por quê? Porque nós amamos outros seres humanos, outras pessoas que são diferentes de nós, e que bom que são diferentes. Tá tudo bem ser diferente da sua “alma gêmea”, viu?            
       Amor decepciona e dói porque a gente insiste em criar expectativas. É inevitável. A diferença dessa dor é que ela é curada pelo amor, amor que é veneno e também é antídoto. Uma dor que ensina, e nos leva a todo aquele carrossel de emoções novamente. Repensar, relevar, renovar, reinventar e relembrar que só o amor vale a pena. Porque o amor tudo suporta.

sábado, 23 de julho de 2016

A verdadeira arte de amar

          Leia e ouça: Me Espera

          A gente sabe que ama alguém. A gente sempre sabe. E dá um jeito das outras pessoas saberem também. Fica estampado no sorriso largo, brilha no olhar, o nome dele sai da sua boca sem você nem perceber. E quando você vê já tá fazendo planos, falando dele nas conversas com meio estranhos, nem que seja só pra alguém saber que ele existe.

            Não dá pra explicar o real momento em que o amor acontece. Ele só acontece, e essa é a graça. A gente se pega pensando quando foi que deu aquele click na alma, e se lembra de tantas coisas bobas que te fizeram rir por nada. De repente você se pega sorrindo de novo. Tudo ainda está ali.

            Foram os beijos? As conversas intermináveis ao longo da madrugada? Foi o sorriso dele? O olhar? O jeito que ele te abraça o corpo e a alma? A gente vai morrer sem saber, eu aposto. E por falar em apostas, amar é apostar seu tempo em alguém. É desejar, sonhar, torcer... Tudo isso com outro coração do lado.

            Amar é sorte nos tempos de cólera. Amor é poesia e amar é rima. Amar é conceder e aprender a esperar. Amar não é fácil, mas tenho certeza que é um dos maiores prazeres dessa vida. Amar é dividir e compartilhar até as dores e dissabores. Amor é ensinamento, um exercício diário de entrega e ressignificação da vida.

            Eu poderia dar mais mil definições do que é amar alguém, mas por mais clichê que seja o amor é sempre diferente. E por mais que muitas vezes ele comece simples, com uma palavra, um encontro ou um olhar, a verdadeira arte de amar está em fazer esse sentimento durar todos os outros dias.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Tudo que eu já disse, agora repito.

Leia e Ouça: Thinking out loud

             É a mais pura verdade quando digo que você me inspira. Você me faz passar horas escrevendo, quando já é bem tarde da noite e eu tenho que acordar cedo no dia seguinte, como faço agora. Por você eu já mudei muito... Eu que batia no peito com todo o meu orgulho, hoje mudei por você e por mim.
            Os sonhos que eram seus, agora são meus também. O apartamento com capacho na porta, a sala de tv, a cama de casal. A viagem pro Uruguai - logo eu que não pronuncio meia palavra em espanhol. Depois de você, me despi de preconceitos, de medos e inseguranças comigo e com os outros. O medo de me entregar, o medo de confiar em alguém, o medo de amar de novo.
             Contigo aprendi a perdoar, aprendi também a ceder, e não porque esse é o certo a fazer, mas sim porque é o melhor pra nós dois. Porque é isso que me importa agora: Nós dois. E daqui um tempo nós três, ou nós quatro porque esse amor tem que ser multiplicado. O que era singular, depois de você, virou plural.
            E se não fosse nós dois, eu ainda seria uma cabeça dura e teimosa, que justificava seus erros com os erros dos outros, e tentava se completar onde não há amor. Se não fosse você eu não teria feito tanta coisa, e não desejaria outras tantas. Eu já teria desistido de tudo se não fosse por nós dois. Tudo que eu já disse agora repito, em outras palavras pra tentar explicar que se isso não é amor, eu sei lá o que pode ser.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ser adulto é foda

         Leia e ouça: It's only fear
         
          Tem dias que parecem noites, já dizia minha vó. Hoje  é um deles. Desses que a hora se arrasta, desses que você só quer deitar em posição fetal e chorar até dormir, rezando pra que no dia seguinte crescer doa menos.
            Eu não acreditava, mas crescer é muito mais difícil do que a gente imagina. Quando a gente é criança, a vida de adulto tem um quê de glamour, a independência nos deixa ansiosos. Mal sabemos, que adulto é muito além do que se vê. Ainda criança eu li o clássico O Pequeno Príncipe, fiquei completamente encantada com a história que até hoje é uma das minhas preferidas. Às vezes eu releio, como agora, e vejo que o tal “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos” é uma das frases mais verdadeiras dessa vida.
            Crianças veem com o coração, e talvez seja por isso que eu gosto tanto delas. Por me lembrarem a inocência e a pureza que a gente perde ao longo dos anos. A idade chega e a gente fica meio cego, às vezes literalmente, outras a gente fica meio cego de si mesmo e dos outros. Envelhecer traz consigo a maturidade. O que é maravilhoso, claro, mas amadurecer pressupõe saber mais e entender esse mundo louco. Tudo isso acaba decepcionando,  fazendo a gente sofrer por algo pequeno mas que nós adultos transformamos em grandes pesadelos.
            Essa mania de esconder o sofrimento de ser adulto tá muito errada. Ser adulto é foda. A gente é obrigado a tomar decisões pra uma vida inteira, é tudo pra agora, pra ontem, pra já. A gente vive numa pressa de dar certo, que nem Deus explica.  E muitas vezes, no meio do choro a gente pensa em desistir. Mas gente madura não faz isso.
             Gente grande aguenta a bronca. E a maturidade esconde as lágrimas que queriam pular pra fora. Gente madura encara tudo de frente, de peito aberto  e cabeça erguida, porque não dá tempo de ficar triste no meio dos prazos do trabalho, da rotina da faculdade, dos planos da viagem, da compra do apê. A conta sempre chega, mesmo com a nossa crise de identidade batendo à porta. E no final do dia, esse é apenas mais um desabafo. Porque escrever é muitas vezes o refúgio do adulto que não pode chorar. 

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Sobre fazer amor

 Leia e ouça: You and I

     Roupas espalhadas pelo chão da sala, corpos nus que se encaram frente a um espelho de amor. Corpos que quando se encontram suspiram ávidos pela forma de amor mais intensa. Fazer amor com alguém é deixar que os  corações se encontrem, é fazer carinho na alma um do outro.
   Fazer amor é muito mais do que apenas desejo. É entregar-se intimamente e gozar também com o coração. Tornar-se um, e esperar que o tempo não acabe mesmo sabendo que o prazer se esgota em alguns minutos. Despir-se das roupas, dos pudores e dos medos e entregar corpo e alma àquele momento de puro instinto da raça humana, que ao mesmo tempo em que nos faz sãos também nos leva à loucura.

   Largar a cama ainda quente pra preparar um café, tomar um vinho ou um banho ainda é fazer amor. Porque fazê-lo não acaba no auge do prazer. O amor é feito todos os dias, com gestos simples que nos fazem sentir acolhidos por outro alguém.  

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Deixa eu me apresentar de novo?

 Leia e ouça: Like I'm Gonna Lose You             
 Por Aline Sousa

   Lembro das primeiras palavras que trocamos, de te perguntar se você era simpático assim com todo mundo ou se foi o meu charme, e mesmo desconfiada da resposta, preferi acreditar que era um encontro especial e talvez premeditado pelo universo.
     Lembro da primeira vez que chorei por você, logo após um longo mês sem te ver, te vi realmente, com seus defeitos que até então não haviam passado pelos meus olhos.
     Mas também me recordo do dia em eu estava meio "blé" e após dois  (nem tão longos meses, eu confesso) pude sentir aquele abraço de novo, e no meio dele me perdi.
   Nossa história daria um livro, que talvez nem fosse de romance, mas mesmo assim encantaria como tal.  Renderia CD's para um músico e faria qualquer matemático se confundir ao equacionar nosso amor, e por isso escrevo textos simples, mantendo sempre por perto esse sentimento que as vezes é sentido de longe.
    São quase cinco (gigantescos porém acelerados) meses, e tanta coisa mudou, guri. Não posso dizer que me arrependi dos erros ou das despedidas, mas se me permitir, posso me apresentar novamente?
   Eu aprendi que ninguém pode obrigar o outro a ficar, que as paranoias são em vão quando decidimos nos juntar, que ciúmes é tempero e tempero demais enjoa o paladar, que drama é bom no cinema, mas na vida real as pessoas querem praticidade e palavras cheias, que amar e depender são tão iguais quanto sal e açúcar (parecidos por fora, mas se confundidos, estragam a receita inteira), que ter certeza de tudo nem sempre é um bom sinal, que olhar só para o futuro faz com que não aproveitemos o presente (mas ainda sou sua menina do planejamento, viu?) e acima de tudo, olhei dentro de mim e percebi que amor saudável é amor que transborda, porque já sou completa sozinha.
  Mas aquiete esse coração, meu menino, ainda tenho aquele sorriso largo quando estou do seu lado, ainda ouço aquela música que te faz lembrar de mim, não esqueci seu cheiro ou sua risada alta, de domingo a noite sinto falta de você e da nossa pizza, e uma semana atrás eu dormi com a camisa que você deixou comigo. Verdade seja dita, ainda sou sua grudinha, mas que finalmente, aprendeu a se virar sozinha.