terça-feira, 23 de agosto de 2016

Quando a gente ama

          Leia e ouça: Found a heart
         
          Ouvi muito sobre o amor antes de amar. Ouvi que quando a gente ama a gente sabe que aquilo ali nunca foi sentido antes. A gente sente tudo diferente, nos tornamos pessoas diferentes. É verdade. Quando a gente ama, a gente sabe que é amor. E não adianta, dentro do nós só a gente sabe o que é nosso.
            Ouvi que quando é amor pra valer a gente releva. A gente repensa coisas que antes a gente nem precisaria imaginar. Amar é na verdade uma eterna recorrência, a gente pensa e torna a pensar, a gente perdoa e volta a perdoar, a gente faz planos, e quando eles falham fazemos novos. Amar é um vai e vem dentro de nós mesmos. Porque o amor é paciente.
            Ouvi que amor era coisa de tolos. Mas essa é uma grande mentira, porque a gente tem que ser muito sábio pra amar. Amor exige coragem, uma coragem que a gente nem sabia que tinha, mas que brota quando o que a gente sente pelo outro não tem mais nenhuma palavra pra explicar que não seja o próprio amor. Porque o amor é bom.
            E por falar em explicar, quando a gente ama a gente deixa pra lá essa necessidade de ter tudo explicadinho. Algumas coisas simplesmente são, e isso basta. Quando a gente ama a gente entende que quem muito quer explicar o amor, nunca amou.
            Ah, quando a gente ama tanta coisa acontece. Não é exatamente como a gente vê nos filmes, mas isso qualquer pessoa que tenha se relacionado com outra, sabe. Amor não é só a foto bonita todo mês no instagram, nem fazer as pazes daquele jeitinho depois de uma briga idiota.
            O que a gente não ouve por aí, é que amor também decepciona. E mente aquele que falar que não. Amor também machuca. E sabe por quê? Porque nós amamos outros seres humanos, outras pessoas que são diferentes de nós, e que bom que são diferentes. Tá tudo bem ser diferente da sua “alma gêmea”, viu?            
       Amor decepciona e dói porque a gente insiste em criar expectativas. É inevitável. A diferença dessa dor é que ela é curada pelo amor, amor que é veneno e também é antídoto. Uma dor que ensina, e nos leva a todo aquele carrossel de emoções novamente. Repensar, relevar, renovar, reinventar e relembrar que só o amor vale a pena. Porque o amor tudo suporta.