Leia e ouça: It's only fear
Tem dias que parecem noites, já dizia minha vó. Hoje é um deles. Desses que a hora se arrasta, desses que você só quer deitar em posição fetal e chorar até dormir, rezando pra que no dia seguinte crescer doa menos.
Tem dias que parecem noites, já dizia minha vó. Hoje é um deles. Desses que a hora se arrasta, desses que você só quer deitar em posição fetal e chorar até dormir, rezando pra que no dia seguinte crescer doa menos.
Eu
não acreditava, mas crescer é muito mais difícil do que a gente imagina. Quando
a gente é criança, a vida de adulto tem um quê de glamour, a independência nos
deixa ansiosos. Mal sabemos, que adulto é muito além do que se vê. Ainda
criança eu li o clássico O Pequeno Príncipe, fiquei completamente encantada com
a história que até hoje é uma das minhas preferidas. Às vezes eu releio, como
agora, e vejo que o tal “Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível
aos olhos” é uma das frases mais verdadeiras dessa vida.
Crianças
veem com o coração, e talvez seja por isso que eu gosto tanto delas. Por me
lembrarem a inocência e a pureza que a gente perde ao longo dos anos. A idade
chega e a gente fica meio cego, às vezes literalmente, outras a gente fica meio
cego de si mesmo e dos outros. Envelhecer traz consigo a maturidade. O que é
maravilhoso, claro, mas amadurecer pressupõe saber mais e entender esse mundo
louco. Tudo isso acaba decepcionando, fazendo
a gente sofrer por algo pequeno mas que nós adultos transformamos em grandes
pesadelos.
Essa mania de esconder o sofrimento de
ser adulto tá muito errada. Ser adulto é foda. A gente é obrigado a tomar
decisões pra uma vida inteira, é tudo pra agora, pra ontem, pra já. A gente
vive numa pressa de dar certo, que nem Deus explica. E muitas vezes, no meio do choro a gente pensa
em desistir. Mas gente madura não faz isso.
Gente grande aguenta a bronca. E a maturidade
esconde as lágrimas que queriam pular pra fora. Gente madura encara tudo de
frente, de peito aberto e cabeça
erguida, porque não dá tempo de ficar triste no meio dos prazos do trabalho, da
rotina da faculdade, dos planos da viagem, da compra do apê. A conta sempre
chega, mesmo com a nossa crise de identidade batendo à porta. E no final do
dia, esse é apenas mais um desabafo. Porque escrever é muitas vezes o refúgio
do adulto que não pode chorar.
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