quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Guarde um pouquinho da minha emoção

   Leia e ouça: I'm a mess

   No outono passado, escutei de alguém algo que fez meu coração se partir em pequenos pedacinhos, meus lábios tremerem, e a angústia escorrer pelo rosto até tocar o peito, e ali morrer. Ouvi sem meias palavras “ A gente não vai dar certo, você vive depressa...”
   Apressada, depressa, pressa, presa. Por uma primavera inteira, foi exatamente assim que fiquei. Presa, acorrentada à um amor que lá atrás já havia nascido fadado, e não tínhamos percebido. Vivendo um passado que há muito já havia morrido.
   Não me envergonho, nem me vanglorio em dizer que passei noites em claro, com o travesseiro encharcado tentando entender o que é que tinha dado errado desta vez. Procurei as falhas mais bobas, talvez no  primeiro beijo desencontrado no metrô, nos apelidos bobinhos que criamos um pro outro, na minha mania de entregar tudo, de mergulhar sem antes testar se dá pé...
   Com você não foi diferente. Me entreguei até o último fiozinho de cabelo – aquele branco que você encontrou durante a tarde na praça, lembra? – dei tudo de mim, e qual o mal disso, meu bem? Amar é isso, não é? Amor é oceano, e talvez eu seja o diamante azul da Rose, que se perdeu em seu infinito. Amor é um cometa, e viaja rápido pelo céu, atingindo nosso peito, sem freio.
    Amor é a Disneylândia, cheio de diversão, memórias e brindado com o misto de perigo e emoção das montanhas-russas. E foi amor com você. Foi sim. Foi amor quando eu disse que queria ficar mais cinco minutos. Foi amor quando você me pediu pra morar no seu abraço, foi só amor quando nós dois morrendo de medo resolvemos pegar aquele trem pra tentar mais uma vez, com um novo alguém.
    Mas foi amor quando nós dois, certos de que era bom demais pra ser verdade perdemos a mão. E nos perdemos da graça. E quando o amor perde a graça, não tem mais jeito. É cada um seguindo pra um lado, quando antes davam os braços na mesma direção. Quando o amor perde a graça, não há sujeito que se salve. Não há mais coração pra ancorar.

   E sobre a gente não dar certo. Você tinha razão. Aliás, isso você tem de sobra. Só espero ter guardado um pouquinho de toda a minha emoção.

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