Leia e ouça: Need the sun to break
Procurava por tempo demais as palavras exatas. Perdia
infinitos segundos no escuro tentando entender. Crise dos vinte? Talvez. Era
a desculpa esfarrapada que dava a si mesma e a todos os outros que sempre
perguntavam sobre quem ela queria ser.
Esse era um dos principais problemas. Se preocupava
demais, com os outros, consigo, com o futuro. E não vivia o precioso presente.
Fazia planos, desenhava a casa dos sonhos, fazia listas de metas, traçava
roteiros que ninguém mais seguia. Ela é demais. Em tudo. Tão intensa e tão
gigante, ao mesmo tempo que consegue ser tão pequena e insegura.
O outro problema. O medo. Ansiedade, impaciência
faziam dela o tipo ‘ quase sempre desesperada’. Com tamanho mundo de sonhos e
expectativas que carregava em seu coração, se vestia de papéis tentando
esconder suas angústias. Criaturas que dominavam seu sono de madrugada,
acompanhadas da companheira conhecida, insônia.
No brilho de seus olhos, a revelação de quem desejava
ser verdadeiramente. Infelizmente poucos conseguiam enxergar. O desejo de ser
grande, conhecida, reconhecida e lembrada. A vontade de ser querida, companhia
de um alguém que circulava perdido até encontrar num abraço apertado, da menina
de sorriso fácil, seu porto-seguro. Ela sonhava. Como qualquer um de nós sonha,
acordado ou dormindo. Queria viajar pelo mundo, escrever lindas histórias, e viver um amor simples.
A menina de alma doce queria mesmo era marcar o mundo.
Assim como as marcas de batom que gostava de deixar nas bochechas e bocas por
aí. A menina tinha medo de tornar-se gente grande. Tinha medo do tempo acabar
antes mesmo de acordar.
Menina-moça esse seu coração gigante, o mundo todo tem
que ver, pra nos quatro cantos ver esse seu sorriso florescer.
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