quinta-feira, 2 de julho de 2015

Verdade seja dita, por favor.

            Leia e ouça: People help the people

         Dia desses conversando com uma amiga, soltei uma frase assim em tom de brincadeira – da qual ela riu e pareceu ter concordado, inclusive. –  mas de repente percebi que não era tão brincadeira assim. Eu dizia não saber viver em um mundo líquido, não ter nascido pra isso. E não nasci.
            Parece coisa de gente intelectual dizer isso, é até meio chato, eu sei. Mas é a verdade. Eu nasci num mundo, onde querendo ou não, as coisas ainda eram um pouco diferentes de hoje. E não quero, de nenhuma maneira, que isso pareça nostalgia ou coisa do tipo. Pensando bem, talvez o mundo não fosse tão diferente assim. Talvez seja só o modo como eu enxergo o mundo agora, que certamente é diferente de um ou dois anos atrás –  de minutos atrás.
            Mas eu não quero escrever sobre as mudanças do século, ou sobre maturidade... Eu preciso falar de algo que me fez questionar toda essa “liquidez” que fez a minha amiga rir. A falta de verdade.
            Sei que também é um assunto comum, e todo mundo se queixa nas redes sociais dessas coisas. Mas, a verdade é que ultimamente essa tem sido a explicação pra quase tudo a minha volta. Não. Minha vida não é uma mentira. Mas a falta de verdade não é só uma questão de mentir, é?
            Tenho me perguntado, o porquê de termos tanto medo da verdade. Medo de dizer, ou medo de saber, seja lá o que for. Sabe, em mundo de encontros promovidos pelo Tinder, a verdade não é a coisa mais esperada e mais desejada. Mas deveria, né? Eu não tô aqui para questionar a veracidade desses relacionamentos, de jeito nenhum, ok? Eu só questiono, porque é que as pessoas não dizem a verdade?
            Porque é que você não diz que não quer ficar com a garota, ao invés de manter um silêncio impenetrável, enquanto ela tenta de todas as maneiras chamar a sua atenção? Porque é que você não assume que ainda ama seu ex, ao invés de deixar seu atual mergulhado em dúvidas sobre estar fazendo a coisa certa ou não? Porque você não diz pros seus pais que a sua vida tá um saco, porque você odeia o seu trabalho e a sua faculdade? Ou pior ainda, porque é que você não fala a verdade pra si mesmo?
            Todo mundo, alguma vez na vida, já ouviu essa frase: “ A verdade dói.” Infelizmente, eu não sei dizer quem foi que disse isso a primeira vez, mas eu e mais meio mundo concordamos com você, querido. A verdade dói sim. Dói quando você ouve que não é bom o suficiente pro seu emprego dos sonhos, dói quando você percebe que seu relacionamento já passou do prazo de validade, ou pior, que ele tinha prazo de validade. Dói, dói pra caramba, eu sei. 
            Mas eu também sei que todas essas verdades, quando aceitas, doem muito menos que qualquer outra mentira, que consome a gente aos poucos e vai enchendo a gente de dúvidas. E apesar de doer, a verdade precisa ser dita. Sempre. Porque essa é outra coisa que precisamos aprender, sofrer. Sofra, sofra de verdade e com toda a intensidade que precisar, porque  como dizia a minha avó “ Quando a gente sofre por algo que é verdadeiro, o sofrimento também é aprendizado.”

            Apesar de ter dito aquilo pra minha amiga rir, foi verdadeiro. Eu me cansei dessa falta de sinceridade, desses muros que a gente mesmo constrói e depois não sabe sair, dessa  nossa mania de sempre estar “bem”. Eu me proponho um desafio, mais ou menos como num filme que vi uma vez, com o Jim Carrey... Dizer a verdade. Algo que deveria ser tão simples, e eu mesma tenho tornado tão difícil. Ser verdadeiro num mundo de mentiras é um privilégio, e não custa nada arriscar.

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