quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Só a conta, mesmo

  Leia e ouça: What's my name

  Sexta-feira passada. Um bar numa avenida qualquer, copos cheios e almas vazias. Bom, pelo menos esse era o meu caso. Sentado no balcão, sozinho, bebericava uísque e ouvia pedaços perdidos das histórias de amor e desamor daqueles desconhecidos.
  Na segunda dose, ela passou por mim, vestida de azul combinando com aquele par de olhos que abertos ou fechados na cama, sempre me faziam pirar. Não foi amor a primeira vista. A gente já se conhecia de muitas vistas por aí, muitas vistas, visitas... "Na minha casa ou na sua, hoje?"
  Sei que ela nem notou a minha presença. Sei que ela nem se lembrou de nada. Sei que ela é capaz de se divertir e muito, sozinha. Sei de tanta coisa que ela nem imagina.
  O garçom- como um gênio da lâmpada-  me perguntou se eu desejava mais alguma coisa. Aceitei só mais uma dose, já que ele não poderia me entregar uma bandeja com aquelas pernas, e aquele corpo que quando Deus inventou jogou a fôrma fora. Era ela quem eu desejava há tanto tempo, era ela quem eu desejaria por muito mais tempo.
  Num daqueles devaneios de bêbados, comecei e pensar sobre tudo o que eu já quis com aquela mulher. A garota de cabeça quente e coração frio. Eu quis uma noite, eu quis mais um beijo, eu quis algo a mais do que um número na agenda do meu celular.
Eu queria era que ela deixasse de brincar assim comigo, com esse rebolado que me leva de Vênus a Saturno em um segundo. Eu queria era que ela fosse má, mas apenas na cama, porque essa maldade toda de me esquecer na caixinha e depois me reviver, não dá mais.
  Eu queria que ela dissesse a verdade - ou a verdade que eu queria ouvir-, que ela decidisse encarar essa vida comigo. Queria que ela soubesse que é normal ter medo de amar, mas que amar é muito necessário. Eu queria que ela entendesse que eu a amo.

Mas no fim de tudo me faltou a coragem de falar, me ganhou o medo de levar mais um fora daquela boca que um dia despertou com destreza cada ponto do meu corpo. Acabei querendo só a conta mesmo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

É isso que eu desejo pra você

  Leia e ouça: Dia especial
  
  Hoje eu descobri que o amor da minha vida encontrou o amor da vida dele. Vê-lo sorrindo ali naquele quiosque aqueceu meu coração, mais do que esse sol do verão 40° (quase 50°) do Rio de Janeiro. Não consegui sequer ficar triste vendo aquela aliançazinha dourada cintilar em seu dedo. Uma pena que uma outra não esteja cintilando no meu, é verdade, mas vê-lo feliz e pleno, natural e simples tomando sua água de côco me fez esquecer de qualquer dor que um amor não curado poderia causar.
  É, eu o amei. Amei sim, com todas as células do meu corpo - ah e como essas células se excitavam ao sentir o toque de seus dedos na minha nuca, me puxando pra perto - eu amei aquele cara do melhor e do pior jeito que se pode amar alguém. E ainda o amo, que saibam disso também. Eu o amo porque ele ria das minhas conversas em metáforas, mas ele as entendia também. Eu o amo por aqueles cabelos molhados pós-banho e pós-sexo que respingavam gotinhas sutis na minha camiseta do pijama só pra me irritar. Eu o amo por não ter deixado de viver sua vida estando comigo - esses casais super exclusivos me irritam um tanto- eu o amo pelos mesmos motivos que poderiam me fazer odiá-lo, como o volume alto da televisão, a demora pra responder minhas mensagens,e aquele monte de defeitos que a gente insiste em colocar nos homens.
  Meu erro foi não ter dito isso todas as vezes que deveria, e agora repito isso milhões de vezes num mesmo parágrafo como que para perdoar a mim mesma. Engoli tantas vezes esse "eu te amo" batido por medo de assustá-lo, por essa minha mania de deixar as coisas no ar... E agora sei que você é feliz por ouvir essas mesmas palavras de um outro alguém.
  Não vou dizer que vou querer estar lá quando você subir no altar pra pegar a mão dela e dar sorrisos espontâneos - pois é tanta a felicidade que você já não cabe em si- aos convidados. Não vou dizer que vou abraçar a sua mãe nesse dia, constatando que o filhinho dela cresceu e tá formando uma nova família agora... Não, tudo isso é um pouco demais pra mim, e pra você também, confessa. A gente não precisa mostrar pro mundo inteiro que entre a gente continua tudo bem, até porque eu acho que ninguém vai acreditar, e tem aquele seu primo mala que vai soltar uma piadinha infame sobre você ter remembers comigo simplesmente por não termos virado a cara um pro outro ao cruzar a mesma avenida. Sei lá, mas são poucas as pessoas que acreditam em amizade pós-término, né? E eu não quero de jeito nenhum causar problemas pra você.
   Você me ensinou que a gente pode ser feliz quietinho no nosso canto, sem fazer algazarra, ou colocar letreiros em neon. E é assim que vai continuar, muito bem, obrigada. Eu estou bem por aqui, e você bem por aí. Todas as lembranças boas pelo meio.
É isso que eu te desejo, ser feliz. Ao amor da sua vida todo o amor para uma vida inteira, ao amor da minha vida, um amor que ele merece mas que eu não sou e nem pude dar.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

É por isso que estou estranho

Leia e ouça: Say Something

  O que eu vou fazer? Fingir que não sou apaixonado por você? Fingir que não te quero perto o tempo todo?
  O certo seria, sem dúvida, te dar um gelo por um tempo... Te deixar pensar e perceber que, pouco a pouco, você está partindo meu coração. Mas como eu faço isso se ficar sem falar com você me dói mais que ossos quebrados? Ter-te longe é meu pior castigo e falar com você, mesmo que só por mensagem, alivia – ainda que não muito – a pressão que eu sinto no peito... Tira 2 dos 700kg que parecem descansar sobre mim e tentar quebrar minhas costelas.
  Já pensei em te deixar... Forcei-me a passar um dia inteiro sem pensar em você. Não deu. Minto! Deu sim. Mas nesse único dia em que eu consegui cumprir essa hercúlea tarefa, minha mente e o coração entraram em conluio contra mim e me fizeram sonhar contigo assim que fechei os olhos a noite.
  Apesar de querer muito, não consigo ler a sua mente. Não sei o que se passa aí dentro. Não tenho como saber se me deixa em abstinência de você porque realmente não pode me ver ou se é porque - a pressão no meu peito aumenta quando penso nisso - não me quer por perto.
 O que me resta é te esperar... Ainda que isso se torne cada vez mais difícil. A cada dia que passa as palavras de minha mãe ecoam com mais intensidade na minha cabeça: “Essa menina tá te fazendo de trouxa. Fica te deixando que nem bobo só esperando por algo que nunca vem...”.Toda vez que ela diz isso eu relevo. Mas não posso negar que faz sentido.
 Mas quando vejo suas fotos... Ouço sua voz dizendo que me adora pelo telefone... Lembro-me de como, quando olho nos seus olhos, o tempo para e qualquer barulho à minha volta cessa... Aí eu penso: “Que me faça de trouxa então. Sou seu.”.
 Só espero que você não leia isso. Que não saiba que, mesmo me deixando como um bobo largado sozinho, ainda serei seu.Ou não... Melhor que leia sim!
 Leia e tenha consciência disso. E aí, se realmente me quiser bem como eu te quero, não vai mais me deixar assim... Não vai mais me dizer “não” toda vez. E, se mesmo sabendo disso, ainda me abandonar assim, aí vou me disciplinar pra começar a te esquecer. Amarrar meu coração e treinar minha mente pra sequer sonhar com você. Ainda que isso signifique não sonhar mais.

* Texto escrito por um leitor colaborador

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Ana e o passarinho

  Leia e ouça: Blackbird

  Esta noite, quando deitei a cabeça no travesseiro, e repassei todo o meu dia, depois de imaginar um milhão de coisas e quase sem querer traçar planos que eu mesma sei que se perderão quando eu fechar os olhos, no mesmo escuro do quarto que me abriga; esta noite quando eu quase me entregava à um sono sem sonhos, me lembrei de uma história que ouvi quando criança... Ana e o passarinho.
  Pra ser sincera, não lembro bem quem me contou, e todo o esforço para dar os devidos créditos será em vão - quando minha memória invoca de não lembrar, não há santo da boa lembrança que faça o contrário - mas lembro bem que quando ouvi a história de Ana, não consegui entender muito bem. Hoje, no entanto, vejo que foi uma das mais belas lições que aprendi.
  A história de Ana é uma história triste, uma história de despedida sem adeus. É também uma história de liberdade, de amor, e de confiança, mas é antes de qualquer outra coisa uma história real.
  A pequena Ana era uma criança - na minha imaginação de pirralha, era bem parecida com alguma das Chiquititas - uma menininha solitária que em seu aniversário ganhou do avô um passarinho de estimação, um canário, de penagem amarelo-bebê no peito. Ana sempre foi uma criança tímida, tinha algumas dificuldades de relacionamento com as outras crianças de sua idade, e até com seus pais.
  Nos primeiros dias convivendo com o novo habitante da casa, Ana agiu de maneira quase que indiferente. Seguia sua rotina de tarefas e brincadeiras sem se importar muito com o animal.Mas aos poucos, e para a surpresa de seus familiares, Ana foi desenvolvendo uma relação afetuosa com o canarinho. Fazia questão de alimentá-lo, passava as tardes sentada ao lado da gaiola, contando de sua rotina e de seus sonhos, trazia-o a mão vez ou outra, como se para lhe aconchegar. E apesar da insistência de seu avô para que lhe podasse as asinhas, Ana nunca o fez, por não aceitar o fato de machucá-lo. " É preferível que fuja, vôzinho", dizia.
  Ana conquistou a amizade do passarinho, o passarinho tão pequeno e talvez até despretensioso, conquistou o coração de Ana. Ana fez seu primeiro amigo. O passarinho ganhou de presente além de alguém para alimentá-lo e cuidá-lo, uma admiradora. E logo a melhor delas, a de alma mais pura, uma criança.
 Cerca de um ano depois da chegada do passarinho, quando todos já observavam a felicidade estampada no rosto de Ana, que agora era mais confiante e verdadeiramente criança. Algo muito marcante, e de certa forma terrível aconteceu. Numa tarde, quando chegava da escola e como todos os outros dias corria para a gaiola para ver o amigo, Ana chegou saltitante e logo murchou, assustada...Seu canarinho havia fugido, voado, de alguma forma destrancou a gaiola e se foi.
  Ana chorou semanas seguidas, não suportava olhar para o canto do quintal onde antes ficava a gaiolinha, ficou desolada. E o coração dos pais se cortou em pedacinhos por vê-la naquele estado. Chegaram a cogitar comprar outro passarinho, um cachorro talvez para acalmar o coração da menina, mas sabiam que para Ana seu canarinho seria insubstituível para sempre.
  Porque eu me lembrei desta história nesta noite? Não me perguntem pois não sei dizer... Mas agora, depois de tantos anos, eu finalmente a entendo. Todos somos Ana, e todos somos seu amado canarinho, também. Nós conhecemos pessoas, animais, lugares, ou qualquer coisa que seja. Nós nos apegamos a estas pessoas, a estes animais, a estes lugares. Nós nos doamos a eles. Tornam-se parte de nossa história, tornam-se especiais, e cada um acaba tornando-se insubstituível também.
  Mas é preciso ter a sabedoria de Ana, e também por amor nunca privá-los da liberdade. Nunca cortar suas asas. Sempre alimentar seus sonhos. Sempre cuidar como se esta fosse a última vez que fossem se ver. Ouvir seu canto, seus medos e acalantos com cuidado e atenção... Algumas vezes eles se vão, para sempre ou por um instante. E se voltarem será uma honra tê-los por perto novamente, mas para voltar tem de primeiro ir. Deixe-o ir, sem medo, se voltar, é seu.
  

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Saudades tem nome

Leia e ouça: Song for you

  É, chega de fingir. Admito. Sinto saudades. Sinto saudade até das coisas bobas. Ora, veja só, olha eu tentando ser séria, que história é essa de até das coisas bobas? Nós éramos bobos, mas éramos nós. Sinto falta disso. Saudade de tentar descobrir seus segredos, de assistir você tomando café da manhã, todo sério.
 Sinto uma saudade que persiste, e me diminui aos poucos. Saudade que vai apertando o coração da gente. Saudades de brincar com você na cama, saudades de amar você naquela cama, aliás naquela cama, naquele quarto, naquela cozinha, naquele banheiro. Saudades de sentir meu coração acelerar toda vez que o telefone tocava e eu sabia que era você. Saudades da leveza das nossas conversas, da naturalidade de nós dois, da nossa parceria. Saudades de você.
 Eu vivo de saudades, saudades do seu jeito de me olhar pedindo beijo e carinho. Saudade de poder me aninhar no seu peito, sem medo e sem dó. Saudades de ter que ler suas entrelinhas, saudades de tentar me esconder de você, Saudades de encontrar em você meu refúgio particular. Ah, quem inventou essa saudade faça o favor de desinventar.
 Saudades daquele momento que fomos, e como fomos, né? Saudade de ver o desejo estampado nos seus olhos e no seu corpo, gritando, implorando pelo meu. Saudades de tentar escolher a nossa melhor forma. Saudades de procurar um nome pra nós dois. É, depois de você, eu descobri que saudade tem nome, é o seu.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Chove lá fora e aqui dentro de mim

 Leia e ouça: Set fire to the rain

  Sempre fui chorona, dessas bem sensíveis mesmo, que chora por motivos que muitos chamam de nada. Sou de chorar facilmente com comerciais de televisão mostrando famílias felizes, ou com cenas comuns da vida urbana - que não deveriam ser tão comuns assim- como ver uma criança malabarista no farol da esquina de casa. 
  Estranhamente, há algum tempo lágrimas não me percorriam o rosto. Se eu fui feliz todos esses dias? Claro que não, ninguém é feliz todos os dias. Mas não estou aqui para me lamentar dessa falta de felicidade, ou dessa felicidade fabricada que praticamente nos obriga a esboçar sorrisos o tempo todo.
  Estou aqui pra dizer que chorei. E chorei como nunca havia chorado. Chorei com gosto, quero dizer, com medo, com raiva, com alegria e com emoção. Chorei com vontade, mesmo tímida, escondida nos últimos bancos do ônibus. E o céu chorava comigo, na mesma intensidade, como se colocasse pra fora o que muito lhe machucava...Como se devolvesse pro mundo o peso que carregava.
  A chuva caía como se me entendesse, e me entendia. As gotas que molhavam as ruas tinham tanta verdade quanto as lágrimas salgadas que escorriam pelo meu rosto, borrando toda a maquiagem. O céu chorava pra se livrar, pra desafogar a cidade desse mar de calor que nos invadiu nos últimos tempos - Ah, o verão -; Eu chorava inundada por um misto de sentimentos, pior até que os picos de emoção da TPM.
  A tempestade que deixei sair carregou com ela a felicidade. A felicidade que dá quando depois de tentar mil vezes, a gente finalmente atinge nosso objetivo, as coisas finalmente dão certo. O meu choro era também de surpresa. Surpresas que a vida nos dá todos os dias, trazendo e levando pessoas, criando laços, brindando nossos dias com oportunidades imperdíveis. Lágrimas de medo, medo por estar crescendo e aos trancos e barrancos aprendendo a lidar com esse novo mundo da vida adulta, onde a gente finalmente - ou não - toma conta do próprio nariz.
  Chorei emocionada, encantada, e até um pouco cansada, porque numa viagem de ônibus a vida se fez mais clara pra mim, contrariando a escuridão do céu.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Não sei viver sem me extremar

  Leia e ouça: All you never say

  Eu gosto tanto de você. Eu gosto tanto de te ouvir contar da sua infância, e do quanto o canto da sua boca faz uma curva diferente quando você fala daquele  presente do Natal de 1996. Eu gosto tanto de você. E gosto da sua pele quando toca a minha coxa fazendo círculos, um dentro do outro. Eu gosto tanto de você. Eu gosto dos seus olhinhos fechados quando eu te faço cafuné no sofá da sala. Eu gosto tanto de você.
  Eu gosto tanto de você. Gosto do cheiro da sua roupa, e do perfume do seu cabelo. Eu gosto tanto de você. E gosto quando você me beija a nuca, e me dá arrepios. Eu gosto tanto de você. Eu gosto de quando você me liga de madrugada mesmo quando a gente não tem nada pra se dizer, e gosto de ouvir a sua respiração do outro lado da linha. Eu gosto tanto de você. Gosto de quando você compartilha a sua rotina comigo, porque você tem sido a melhor parte da minha. Eu gosto tanto de você.
  Eu gosto tanto de você. E isso pode ser um erro tremendo, por te olhar e enxergar mais do que você mesmo vê. Eu gosto tanto de você. Gosto de todos esses detalhes, e até dos excessos. Gosto do frio na barriga, gosto das lembranças, gosto de olhar pro celular e rir sozinha de nós dois. Gosto de estar assustada e excitada ao mesmo tempo. Gosto de descobrir você um pouquinho mais a cada dia.Gosto dessa coisa que mora no meu peito -não é amor, nem sei se vai ser- gosto de ouvir meu coração batendo mais forte e mais fraco com você.
  Gosto tanto de você, mas não se preocupe com esse tanto, viu? Tenha medo não... É que eu sou assim, não sei viver sem me extremar.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Como não morrer de ciúmes e se deixar viver de amor

  Leia e ouça: It's only fear

  Quem ama sente ciúmes... Já perdi as contas de quantas vezes ouvi essa frase na vida. E confesso que  até algum tempo atrás concordava com ela, de olhos fechados e peito aberto. Ou melhor, de peito fechado e olhos abertos, porque mulher ciumenta sabe como é que é, né? Não há miopia que cegue.

  E foi assim durante muito tempo, quando perdia a felicidade pelos enredos das histórias que a minha cabeça ciumenta criava. Mas depois de algumas cabeçadas, depois de perder algumas metades da minha laranja, posso dizer que finalmente entendi como se faz pra não morrer de ciúmes e se deixar viver de amor.
  Infelizmente o ciúmes não é um botão que se pode desligar quando a gente bem entende. Pra falar a verdade, o vilão dos romances da vida não é o monstro roxo do ciúmes. É antes disso, como a gente se deixa dominar por suas garras. O que o ser humano precisa 
é aprender a controlar. É entender que antes do presente e do sonho do futuro, cada um de nós tem um passado e embora muitas vezes ele se faça mais presente do que gostaríamos, temos que nos propor a convivência e a compreensão.
  Zygmunt Bauman é um sociólogo polonês que diz algo sobre a felicidade que me encanta muito: "Pra ser feliz há dois valores essenciais que eu considero indispensáveis (...) um é a segurança e o outro é a liberdade, você não consegue ser feliz e ter uma vida digna na ausência de um deles. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um completo caos. Você precisa dos dois. (...) Cada vez que você tem mais segurança você entrega um pouco da sua liberdade. Cada vez que você tem mais liberdade você entrega uma parte da segurança. Então você ganha algo e você perde algo." Para mim, assim também é o amor. Feito da liberdade e da segurança, é daí que surge toda a sua poesia. Feito das concessões diárias que fazemos um pelo outro.
  Amar é combustível pra vida, e o ciúmes apaga essa chama que brilha. Que todos nós possamos viver amores leves, seguros e livres, do ciúmes de qualquer outro mal.