quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quando o silêncio grita

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  Meu bem, você bem sabe que da minha boca saem mais beijos do que palavras. E você também sabe que é no silêncio que eu amo você. Eu amo você, te assistindo na cozinha  cantando enquanto seca a louça do almoço. Amo você na cama se espreguiçando enquanto me beija, amo você brava porque nosso cachorro sujou todo o tapete.
  Eu que sempre procurei o amor nos lugares errados, onde fazia tanto barulho e tanto vazio. Eu que encontrei o amor no tom da sua voz, doce e cansada quando atendo o telefone de madrugada pra te ouvir dizer "estou com saudades". Era tolo, e tinha medo do silêncio. Tinha medo de me aconchegar num canto só, e encontrei um lar no seu peito.
  Aqui eu resolvi ficar e me redimir dos meus erros, deixar o silêncio falar ao invés de tentar procurar as palavras certas pra te dizer, até porque acho que elas nem foram inventadas ainda. Então, chego aqui hoje... Deixo todos os meus pudores do lado de fora da porta, esqueço que existe um mundo além do meu mundo que agora está aqui do meu lado no travesseiro. Tiro a roupa  que me ligava à outros nomes, outras vidas e sou seu.
   Tiro o telefone do gancho, desligo a tv, o rádio, o despertador e faço questão de perder o celular. Essa noite tudo o que eu quero é  sentir você aqui bem pertinho, o cheiro do seu perfume de fruta misturando com o meu cheiro de banho, o gosto do seu beijo de bala entrando por todos os meus poros e finalmente depois de todo o barulho insuportável dessa cidade de loucos, ouvir nosso silêncio gritando até nossos corpos se calarem. 

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