sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Doce história de um amor amargo

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  Era terça-feira quando eu o conheci, numa festa  que não era  estranha e que nem tinha gente esquisita. Eu só procurava a verdadeira emoção, ele mais um pouco de distração. Pra todos os santos do mundo já tinha prometido não me deixar levar pelas promessas vazias de uma noite, mas com ele foi exceção.
  Num piscar de olhos, um beijo de tirar o fôlego, revirar a alma e estremecer a vida. O universo girava cada vez mais rápido e meus pensamentos cada vez mais lentos presos áquele leve menear de cabeça e sorrisinho torto. Toda a ingenuidade se perdeu nos lençóis de um meio amor mal começado, ou mal acabado, seja como for.
  Deixando-me levar as mãos e os medos por seus cabelos, entrelaçando dedos, descobrindo outros jeitos, despertando o desejo, refazendo os meus erros, já fazia planos sem prever um fim tão próximo. O supreendente amanhecer que reduziu todo um roteiro imaginário á pó. O sol que iluminaria os dias das crianças da cidade, ao mesmo tempo apagava meus sonhos e minhas respostas.
  Vítima talvez da entrega, do desespero ou da insanidade. Presa á uma fantasia com prazo de validade. Hoje nada sou além das memórias de uma noite brindada á vinho e corpos sedentos, almas incompletas e incompreensíveis de um espírito já perdido. História doce de um amor amargo, como o café que ele nem tomou na manhã seguinte.

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