quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Amuleto

Leia e ouça: Sorte

  Sabe aqueles dias da vida em que tú já acordas com um sorrisão no rosto? Ouve passarinhos cantando e sai na janela pra curtir a vista? Sabe aqueles dias que tú viaja pra outro planeta enquanto tá sentada na sala de espera do dentista? Aqueles dias que a gente senta no sofá pra assistir a sessão da tarde e não consegue parar de mexer a perna de ansiedade? Pois é, tem sido assim desde que você entrou na minha vida, sem pedir licença, sem anunciar sua chegada e muito menos dizer que tinha toda a intenção de ficar.
  É que desde que você chegou, nem parece que o dias tem mesmo vinte quatro horas - quando eu não te vejo eles tem trinta e duas, juro - com você por aqui, os dias deixaram de ser nublados e chuva agora, é só de alegria.
Chegaste quietinho e calado, mas calou foi minha boca que tanto se orgulhava em gritar uma superioridade que nunca existiu. Roubou também as minhas palavras, que sempre somem quando olho esses teus olhos de rio, fresquinho e de águas calmas me pedindo pra mergulhar em você.
   Carrego no rosto um sorriso bobo de quem tirou a sorte grande em te encontrar, levo no peito uma alegria tamanha da minha menina que renasceu nas nossas brincadeiras, ouço agora uma melodia nova toda vez que ouço a tua voz bem pertinho do meu ouvido me implorando mais um beijo, ou pra ficar até o dia nascer.
  Melhor que trevo de quatro folhas, ferradura, figa ou a pedra do meu signo é ter você. Saber que eu tenho um amuleto pra me cuidar e proteger. Logo eu que nunca fui muito mística, que já quebrei tantos espelhos por aí e por isso devia ter uns milhões de anos de azar prometidos, encontrei você pra me fazer acreditar que sorte não é coisa que se pede, nem nada que se pode carregar na bolsa. É alguém que veio pra morar no coração e andar de mãos dadas pela rua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário